Wayne Ferreira divulga um de seus geradores em uma feira de negócios (Foto: Divulgação) |
Rio de Janeiro
Quando Wayne Ferreira deixou o tênis profissional, em 2005, não havia dúvidas. Com 33 anos na época, o sul-africano ex-top 10 precisava de descanso. Com mais de US$ 8 milhões conquistados em prêmios na carreira, deu-se o luxo de tirar dois anos de folga. Queria tempo com os dois filhos. Marcus, o mais velho, tinha 6 anos. Magnus, apenas 1. Depois de 12 meses em casa, contudo, o tédio chegou. Ferreira precisava, em suas palavras, "fazer algo produtivo". A aposentadoria ficou para trás, e o ex-tenista hoje é sócio de uma empresa pioneira em sustentabilidade que usa a umidade do ar para produzir água potável.
O caminho pouco comum a ex-atletas começou há 15 anos, quando Ferreira ainda estava em atividade nos torneios da ATP. Seu irmão, que mora no estado americano de Utah, planejava desenvolver uma tecnologia semelhante e vendê-la para o governo sul-africano. A ideia, contudo, não foi adiante na ocasião. Wayne ainda estava concentrado nos torneios. E, mesmo depois de pendurar a raquete, a tarefa não seria das mais fáceis.
- Foi meio assustador para mim, porque joguei tênis a vida inteira e não tinha ideia de como montar uma empresa. Precisava de algum parceiro que tivesse uma estrutura de negócio. Tinha um amigo que conheci no circuito e liguei para ele um dia. Ele pesquisou, me ligou de volta e disse: "Acho que temos algo muito bom aqui". Montamos a empresa há cinco anos. É uma tecnologia nova, então leva algum tempo para levá-la ao conhecimento das pessoas, mas estamos indo bem - diz o sul-africano, hoje com 41 anos, enquanto espera o almoço no Copacabana Palace, onde disputa o Grand Champions Rio, o Torneio dos Campeões.
Nasceu, então, a Ecoloblue. Seus primeiros produtos eram os chamados "geradores atmosféricos de água". Os aparelhos captam a umidade do ar e transformam em água. Ferreira e seu parceiro instalaram uma montadora na China e começaram a fabricar dois modelos. Um para famílias, capaz de produzir 30 litros de água por dia. O outro, para empresas, gera 6 mil litros diários.
No começo, a Ecoloblue concentrou seus negócios no mercado americano. Aos poucos, Ferreira descobriu que o país não era o melhor cenário para suas vendas. "Lá, a água é muito acessível e não custa muito. As pessoas não se importam nem pensam muito nisso". Veio, então, a necessária expansão para outros continentes.
- Mudamos o foco para países em desenvolvimento e lugares que precisam de água. Montamos uma rede de distribuição de larga escala, e as pessoas estão usando as máquinas maiores em escolas, hospitais, na agricultura e no uso caseiro. Vendemos principalmente no Oriente Médio e na África - explicou.
Hoje, a vida de Ferreira parece ajustada. O período ocioso em casa, que causou até brigas com sua mulher, Liesl, ficou para trás. Ela já não reclama de se sentir sufocada pela presença constante do marido na residência, e ele já voltou a se sentir produtivo. Atualmente, o dia-a-dia do sul-africano inclui cinco horas no escritório e mais duas na academia de tênis que montou em San Francisco, onde mora.
Além de bater bola com os filhos, Ferreira mantém-se fazendo o que gosta e treinando para as etapas do Champions Tour, o circuito de veteranos da ATP. Depois dos dois anos sem tocar na raquete, o sul-africano vê com bons olhos a chance de participar de torneios.
- Quando comecei a jogar o Champions Tour, comecei a treinar de novo. Os dois primeiros anos (de aposentadoria) foram bons porque me fizeram perceber que eu era muito jovem para não estar fazendo nada. Eu precisava começar algo fora do tênis porque sentia que precisava de sucesso fora do tênis também. Essa era a ideia.
18/12/2012 08h05- Atualizado em 18/12/2012 08h29
Globo.com
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