Walter Preidkman reergueu academia ao lado dos ex-morados do Palace II (Foto: Reprodução SporTV |
Ex-técnico de Meligeni, Preidkman perdeu casa e academia em enchente na Serra, mas voltou a dar aulas ao lado de ex-moradores do edifício.
Por SporTV.com
Rio de Janeiro
A maior tragédia natural do Brasil dos últimos 45 anos marcou a vida de Walter Preidkman. Ex-treinador de nomes como Dácio Campos, Fernando Meligeni e o argentino Roberto Arguello, Gringo, como é chamado, mantinha uma academia de tênis ao lado de sua casa, em Itaipava (RJ), voltada para a formação de atletas e inclusão social através do esporte.
A estrutura era boa, contava com sala de musculação e até alojamento. No dia 13 de janeiro de 2011, porém, todo o seu projeto, assim como o local onde morava, foram destruídos pela devastadora enchente que atingiu a Região Serrana do Rio de Janeiro - deixando 916 mortos e 354 desaparecidos.
- Foi um rio que passou na minha vida. Quando eram três da manhã, eu fui ver que a água estava um metro, um metro e vinte dentro da minha casa. Pela força da água não conseguia abrir as portas, tive que quebrar um vidro e sair pelo vidro. Foram 20, 30 minutos de muita agonia. Minha filha Sofia me fez um pedido quando eu tive que sair de casa, disse "Pai, não me deixa morrer afogada" - recorda o treinador, emocionado.
O abalo não desestimulou Gringo a buscar uma nova sede para o seu trabalho. E o novo local foi encontrado no bairro do Recreio dos Bandeirantes, Zona Oeste do Rio: um conjunto de quadras abandonadas na Avenida Sernambetiba, de frente ao mar. Curiosamente, ao lado do terreno fica um prédio que abriga boa parte dos ex-moradores do antigo edifício Palace II, que tornou-se sinônimo de tragédia ao desmoronar inesperadamente em 1998, no bairro vizinho da Barra da Tijuca, causando a morte de 8 pessoas. Desde a chegada do treinador, as vítimas daquela tragédia passaram a dividir o local com os tenistas.
- As pessoas me perguntam "O que é uma enchente na tua vida?". Eu digo que é um professor, um professor que me ensinou e vem me ensinando um tanto de coisas desde a oportunidade de ter salvo minha família - diz Gringo.
As dificuldades dos antigos moradores passaram a servir de inspiração para os atletas.
- É muito agradável, espaçoso, a gente já se sente bem morando aqui - diz Felipe Frias, de 18 anos.
- A equipe fica bem unida, todo mundo fica próximo, um pode ajudar o outro em tudo o que precisar - emenda Patrick Oliveira, de 16.
Um dos alunos de Gringo é Fabiano de Paula. Morador da Rocinha, ele descobriu o projeto, tornou-se profissional e, hoje, ocupa a posição 293 do ranking do Circuito Mundial (ATP).
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