Por Alexandre CossenzaDireto de Newport, EUA
O Hall da Fama Internacional do Tênis deixou o melhor da festa para o fim. Último a ser imortalizado na cerimônia deste sábado, em Newport (EUA), Gustavo Kuerten foi chamado ao palco quando o presidente do Hall, Chris Clouser, quebrou o protocolo e iniciou gritos de "Gugaaa, Gugaaa". Dona Alice fez o discurso de apresentação e, quando o ex-número 1 se levantou, já deixava as lágrimas escorrerem. Mais aplaudido entre a Turma de 2012, o brasileiro discursou no improviso, enquanto boleiros colocavam um coração na quadra central, e deixou o recado: "espero que minha contribuição para o tênis não pare aqui".
Guga exbe a filha, Maria Augusta, e mostra o certificado de integrante do Hall da Fama (Foto: Agência AP) |
Ao fim da cerimônia, na tradicional volta olímpica dos novos integrantes do Hall da Fama, Guga foi o único a parar para dar autógrafos. O catarinense também colocou no ombro uma bandeira do Brasil e a carregou orgulhosamente até deixar o local.
Guga e sua mãe passaram uma mensagem de fé e otimismo. Enquanto dona Alice disse, no palco, que o filho teve sucesso porque acreditou em si mesmo e lutou até o último minuto de cada jogo, o tricampeão de Roland Garros lembrou das coisas boas que o tênis lhe deu e ressaltou que há um lado favorável para os momentos ruins. Ganhou aplausos, fez piada do seu inglês e provocou risadas da plateia em diversos momentos.
Até este sábado, o único nome brasileiro no Hall da Fama era o de Maria Esther Bueno. A paulista, campeã de sete Grand Slams em simples, 11 em duplas e um em duplas mistas, faz parte da Turma de 1978.
Confira abaixo, em ordem cronológica, trechos do emocionante discurso de Gustavo Kuerten na quadra central do Hall da Fama.
LÁGRIMAS
Achei que ia demorar mais para chorar. Chorei antes do começo! Não sei o que é mais difícil. Chegar até aqui, o Hall da Fama, ou fazer este discurso. Sempre fico com vergonha quando minha mãe fala de mim. Como podem ver, não escrevi nada. Falando, meu inglês já é ruim. Se tivesse que escrever, então, não acabaria hoje.
JENNIFER CAPRIATI (colega na Turma de 2012)
Jennifer, não quero comparar nossas carreiras, senão vão pensar duas vezes antes de me aceitarem aqui no Hall. Enquanto eu tinha 13, 15 anos e começava a viajar para os torneios juvenis, você disputava semifinal de Wimbledon e do US Open.
TÊNIS
Acho que encontrei a maneira certa de me relacionar com o tênis graças às pessoas à minha volta. Minha vida não é só o tênis, mas este esporte está em tudo na minha vida. Minha mãe vendeu carro, piano, tudo para que eu pudesse viajar e jogar. Eu não sabia aonde estava indo, mas estava no caminho certo.
OTIMISMO
O tênis levou meu pai (que morreu em um acidente de carro rumo a um torneio), mas me deu dois outros pais: Larri, meu técnico, e Rafael, meu irmão. O tênis me deu tanta coisa... Pessoas boas, ótimas lembranças. Até as experiências ruins foram valiosas, fizeram eu ser quem sou hoje. Cheguei aqui espontaneamente. Tudo depende de como você vê as coisas. Até as coisas ruins podem ser vistas em cores alegres.
AGRADECIMENTO
Obrigado por me deixarem entrar. Este dia ficará muito intenso na mina memória. Espero que minha contribuição ao tênis não pare aqui. Espero ir mais longe. A única coisa que o tênis não me deu foi minha esposa, que nunca viu um jogo meu.
Mas o tênis me deu boas histórias, que fizeram ela se apaixonar por mim. Até contei que ganhei o US Open, Wimbledon e o Australian Open três vezes e ela acreditou!